sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Apenas um relato...

Encontrei um relato de Érico Veríssimo que me chamou bastante atenção...

"Lembro-me de que certa noite, eu teria uns quatorze anos, quando muito encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam carneado. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."

2 comentários:

Dalyla Carvalho disse...

Esse texto é muito show, Érico Veríssimo é um dos escritores que eu mais admiro!
Agradeço pelo seu comentário no meu blog... eu ainda não conhecia o seu, mas agora que vi, gostei muito, não só do conteúdo mas o visual está lindo, as cores estão muito fofas. :)
Enquanto escrevia esse comentário notei também que meu blog está na sua lista "Leio e Releio", que legal *-* é muito bom saber que você gosta mesmo! Muito obrigada. =)

Bom fim de semana, beeeeijos

http://refugiopcional.blogspot.com/

Manuella Trotta disse...

Obrigada, obrigada, obrigada! Eu sempre apareço no seu blog, acho muito, muito bom!